MÚSICA POPULAR BRASILEIRA
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PIXINGUINHA
– Alfredo da Rocha Viana Filho
Carinhoso
Pixinguinha
Meu coração, não sei por quê
Bate feliz quando te vê
E os meus olhos ficam sorrindo
E pelas ruas vão te seguindo
Mas mesmo assim foges de mim
Ah, se tu soubesses
Como sou tão carinhoso
E o muito, muito que te quero
E como é sincero o meu amor
Eu sei que tu não fugirias mais de mim
Vem, vem, vem, vem
Vem…
SUPLEMENTO CULTURAL & LITERÁRIO JP Guesa Errante: Anuário No. 5 - São Luis, Maranhão – Terça Feira, 7 de novembro de 2007.
A POESIA DA MPB (II)
Quando tudo começou
Texto por Alberto Carneiro
Pixinguinha
Alfredo da Rocha Viana Filho, Pixinguinha, pioneiro da
Música Popular Brasileira, nasce na Piedade, subúrbio
do Rio de Janeiro, a 23 de abril de 1898 e morreu no
dia 17 de fevereiro de 1973, na Igreja de Nossa
Senhora da Paz.
Carinhoso (Pixinguinha e João de Barro) foi gravada
por volta de 1937 pela RCA Victor.
É em Carinhoso que vamos encontrar o primeiro exem-
plo da tímida necessidade do componente poético nas
letras, das composições musicais, nas décadas de 1920,
1930 e 1940:
Meu coração
Não sei por que
Bate feliz
Quando te vê
E os meus olhos
Ficam sorrindo
E pela rua
Vão-te seguindo
[...]
Poesia pura. Imagens Belíssimas. As palavras saem
do campo denotativo e passam ao sentido especial,
metafórico, conotativo.
Há no trecho do poema lírico-amoroso uma proposital
troca de percepção (sinestesia) e a parte olhos é usada
pelo todo (metonímia).
Corresponde pelo sentido:
Coração (por olhos) quando te vê.
Olhos (por boca, lábios, dentes) ficam
sorrindo (sinestesia)
Por outro lado, bate feliz é um feliz paradoxo em relação
a coração. E não sei por que é outro achado que propõe
a discreta, sutil e tímida maneira encoberta, velada de
fazer uma declaração de amor já sabido por ambos, que
fingem não saber, por cortesia.
Olhos (o ser introspectivo) vão-te seguindo (meto-
nímia e sinestesia).
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Página publicada em abril de 2021
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